Em outubro de 2020, a Ação Educativa, através de sua plataforma Gênero e Educação, divulgou o Edital Público "Igualdade de Gênero na Educação Básica: prevenindo violências, enfrentando desigualdades e promovendo direitos" com o objetivo de selecionar, coletar e publicar propostas de planos de aula, projetos interdisciplinares e sequências didáticas que abordassem as questões de gênero com ênfase na articulação de raça e diversidade sexual em uma perspectiva interseccional.
O resultado da primeira seleção foi divulgado dia 24 de março de 2021 e, nele estão duas propostas da professora Larissa de Pinho Cavalcanti (UFRPE-UAST), das quais uma foi desenvolvida em parceria com Patrícia Barbosa Alvez de Souza, então aluna de Estágio Supervisionado Obrigatório em Língua Inglesa da Licenciatura em Letras da UFRPE-UAST.
A proposta do edital dialogava diretamente com os interesses de pesquisa e de docência da professora-pesquisadora do curso de Licenciatura em Letras da UFRPE-UAST, Larissa de Pinho Cavalcanti, quem há dois anos desenvolve pesquisas de iniciação científica com alunas da Licenciatura em Letras da UAST sobre a representação da mulher em livros didáticos (2019-2020) e planejamento de aulas em uma perspectiva de pedagogia feminista (2020-2021).
A possibilidade de criar materiais didáticos com recursos de fácil acesso para professores em diferentes contextos, de fato, foi o grande atrativo da proposta para a professora. Atuando exclusivamente no ensino de língua inglesa e formando professores que atuarão no ensino de línguas na rede pública, a professora enfatizou a relevância de se planejar práticas e materiais de ensino-aprendizagem que dialoguem com o contexto de vida de estudantes da rede pública sem abrir mão de valores antirracistas e antissexistas, fundamentais para a educação crítica. Por isso, o tema da violência contra mulher foi central em suas propostas. Na proposta desenvolvida com Patrícia Barbosa foi imperativo o desejo de produzir uma sequência didática com os desafios de desenvolver a fluência em uma língua adicional e ainda estabelecer um debate em torno de um assunto tão delicado requer ver a escola além dos protocolos escolares e das muitas faltas, para entendê-la como espaço de entusiasmo e valorização da vida e da diversidade. De acordo com a estudante, "Levar discussões que estão no mundo e que provoca estudantes a sentirem-se parte da sociedade, com direitos e deveres, e entendendo-se um participante ativo, possibilita autonomia e a escolha de ser melhor humano e realizar seu papel social".
Na página de divulgação dos resultados é possível ver a proposta submetida individualmente, que resgata o trabalho com músicas em inglês a partir do videoclipe e da letra da canção Goodbye Earl das Dixie Chicks, uma famosa banda de country composta apenas por mulheres.
Em coautoria com Patrícia Barbosa, a sequência detalha com fontes e atividades, o ensino de inglês por meio da Lei Maria da Penha. Vale mencionar que a segunda proposta de sequência didática contempla, também, os tempos pandêmicos fazendo uso exclusivo de materiais disponíveis on-line e atividades adaptadas para plataformas digitais.
O Edital surge oportunamente em um contexto de ameaças à agenda de promoção da igualdade de gênero, alvo de perseguição e desinformação por parte de movimentos ultraconservadores e permite a professores de todo o Brasil, da rede pública ou particular, acessar sequências didáticas, projetos interdisciplinares, formações de professores de qualquer área de ensino da educação básica, de português à física, tanto para modalidade presencial quanto remota ou híbrida.
O banco de planos de aula pode ser acessado em: http://generoeeducacao.org.br/mude-sua-escola-tipo/materiais-educativos/plano-de-aula/
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