As mulheres rurais ganham mais um aliado no combate à violência
Na terça-feira, 26 de abril de 2022, o anfiteatro Padre Afonso Carvalho da universidade ficou pequeno com a presença de mais de 70 pessoas para conhecer o aplicativo idealizado pela professora Lorena Moraes, da UAST/UFRPE e pela professora Suzana Sampaio, da UFRPE, através do Projeto Lamparina, aprovado pela FACEPE, por meio do Edital Inovação Inclusiva - Soluções Tecnológicas e Tecnologia Inclusiva. O evento contou com a presença da Diretora Geral Ellen Viégas, que ressaltou a iniciativa como necessária para a sociedade e parabenizou a equipe. “O aplicativo nasceu para ser um sucesso, vai além dos muros da universidade. Ele pode preservar uma vida de uma mulher”, relatou. Também marcaram presença a diretora da Fetape, Cícera Nunes e Emanuela Castro, da Casa da Mulher do Nordeste, parceiras do Projeto. Além de professoras/es e integrantes do Grupo Dadá. Após a exibição do documentário "Sozinhas", que retrata histórias de mulheres rurais que sofreram violência doméstica em Santa Catarina, a professora Lorena Moraes apresentou dados e o contexto de isolamento que vivem as mulheres rurais impedindo a saída do ciclo de violência. A falta de informações específicas sobre as mulheres rurais foi o que fez nascer o aplicativo Lamparina, que tem como um dos objetivos coletar dados de violência com mulheres rurais. Dentre as funcionalidades, as mulheres poderão acessar informações sobre a rede de proteção à mulher vítima de violência em seus municípios, fazer contato com profissionais do Direito e da Psicologia para um primeiro acolhimento e ainda acionar uma pessoa de confiança quando estiver em situação de violência. Para a estudante de administração, Maria Graciele, 23 anos, o aplicativo é uma novidade que vai ajudar muitas mulheres em situação de violência. “Eu achei bem interessante, principalmente a questão do botão do pânico que você pode acionar aqueles contatos de confiança, e na hora da agressão é difícil achar um número na agenda. Para gente que mora na zona rural, muitas vezes o celular não tem sinal, mas temos wi-fi, então é possível acionar o aplicativo”, disse. Para garantir o acolhimento por profissionais da Psicologia e do Direito, só foi possível com a parceria de professores e profissionais que também abraçaram a causa. Como a professora de psicologia da UAST, Roseane Amorim, que será responsável pela equipe de psicólogas que irá contribuir com o projeto. “A questão da violência contra a mulher é um problema mundial, e há anos esse é um tema que me instiga muito a trabalhar e contribuir com essas mulheres em situação de invisibilidade e naturalidade da violência, devido a uma sociedade patriarcal e capitalista tão presente ainda atualmente. Estarei responsável em cadastrar profissionais de psicologia, sobretudo mulheres psicólogas que vão fazer uma escuta inicial e um acolhimento dessa mulher que está em situação de violência e vão encaminhar para um serviço público existente na região”, destacou. Além disso, o Lamparina também conta com a parceria de Felipo Pereira, professor da UPE e advogado, que coordena um programa de extensão na UPE dedicado às mulheres que sofrem violência doméstica no município de Arcoverde. “O aplicativo abre um leque para além das questões penais, com muitas demandas de natureza civil que acompanham mulheres que sofrem violência doméstica, como: divórcio, registro das crianças, guarda, alimentos. E certamente esses esclarecimentos sobre determinadas situações irão permitir escolhas mais seguras por parte dessas mulheres”. O acolhimento com profissionais foi o que mais chamou atenção da estudante de administração Andressa Moura, 21 anos. “Eu achei a ideia inovadora, como moro na zona rural é comum a falta de informações de contatos para casos de violência. Até mesmo uma psicóloga para conversar em um primeiro momento. Com certeza vai ajudar muitas mulheres que estão precisando de socorro”, relatou. Os próximos passos do Projeto são lançamentos para grupos e associações de mulheres rurais. A próxima será sábado (30) em Mirandiba, com as mulheres quilombolas de Feijão e Posse.
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