Direitos reprodutivos
Historicamente, o destino das mulheres estava traçado para tornarem-se esposas e mães. As brincadeiras e os brinquedos "femininos" já treinavam as meninas para as tarefas domésticas que fazem parte da cansativa rotina das mulheres. Além disso, desde cedo, as meninas da casa eram responsabilizadas pelos cuidados dos irmãos e irmãs mais novos – diferente da maioria dos meninos, que tinham direito de brincar, estudar ou aprender algum ofício de trabalho fora de casa.
A pressão da sociedade é tão forte para que as mulheres sigam o destino da maternidade, que elas são treinadas desde a infância para cumprir este papel. As que escolhem seguir um caminho diferente são julgadas. Outras mulheres, sequer têm o direito de escolha.
Podemos afirmar que não temos amplo direito sobre os nossos corpos, direito à informação e aos métodos para prevenir uma gravidez indesejada, assim, dizemos que, não temos os nossos direitos reprodutivos assegurados.
É importante destacar que além de pensar em prevenir a gravidez indesejada, não podemos esquecer das infecções sexualmente transmissíveis que podem ser prevenidas pelo uso da camisinha. Dessa forma, este tema deve estar presente em nossas casas, comunidades, associações, grupos de mulheres…
Não podemos deixar que a timidez nos isole ou nos limite, deixando de conversar sobre este assunto com nossas amigas, filhas, mães, tias, professoras, enfim, com qualquer mulher próxima que podemos confiar.
A garantia do direito reprodutivo deve ser do Estado, ao disponibilizar informação e métodos contraceptivos como pílula anticoncepcional, DIU, diafragma, camisinha, pílula de emergência (“do dia seguinte”) nos postinhos de saúde para todas as mulheres. Mas, na hora do uso do preservativo, a nossa vontade deve ser respeitada e para isso precisamos estar bem informadas e sermos firmes nas nossas escolhas, pois diante de um relacionamento sério, mais duradouro, é comum que o parceiro se recuse a usar camisinha, alegando fidelidade e falta de risco, por exemplo. Sabemos também de casos que o parceiro impede a mulher de usar a pílula por puro machismo e controle.
Tanto nas famílias da cidade, como do campo, este assunto não é muito debatido, porque as pessoas ainda sentem vergonha, mas não podemos esquecer que devemos informar as nossas meninas e meninos desde cedo para que não se coloquem em risco, ou mesmo, em situações que levem a mudanças de planos para o futuro.
Se na sua casa, você não tem abertura para este tipo de assunto, procure as assistentes sociais, agentes de saúde ou professoras, pois elas são importantes profissionais que podem ajudar com informações seguras.
Quando precisar, busque ajuda! Não fique sozinha, sempre haverá uma mulher perto de você pronta para ajudar.
Se ame, se cuide, se informe e se proteja!
Uso abusivo de álcool no contexto rural
Em estudos realizados em áreas rurais por pesquisadora do grupo de pesquisa Dadá da UFRPE, foi visto que é muito comum o consumo de bebidas alcoólicas tanto por homens quanto por mulheres rurais. Sabemos que é uma prática milenar as pessoas beberem pelos mais diversos motivos: diversão, socialização, para sentir prazer, por gostar do sabor da bebida, para comemorar conquistas, comemorar datas especiais. Uma dosinha antes do almoço para abrir o apetite, ou antes de ir para roça trabalhar.
O que queremos chamar para reflexão é quando esse uso se torna um abuso e começa a ocasionar problemas para a vida das pessoas. Vimos que algumas mulheres começaram fazer uso abusivo e isto tem ocasionado consequências negativas em suas vidas, doenças, acidentes no trabalho, têm sofrido violências. Com isso chamamos para a importância de que cada mulher esteja atenta ao modo como faz uso de álcool, ao que tem significado esse uso abusivo. Está bebendo muito para lidar com tristezas? Para suportar a violência realizada por seu companheiro? Para esquecer problemas do dia-a-dia? Observar os padrões dos motivos que levam ao uso excessivo de bebidas alcoólicas é importante para evidenciar a necessidade de buscar ajuda, podendo evitar uma série de problemas para a vida das mulheres!
Sexualidade e mulheres jovens:
acesso a saúde em contextos rurais
Existem muitos tabus em relação à sexualidade, as mulheres sempre foram oprimidas, e escutaram que só poderiam ter práticas sexuais depois do casamento. Em diversos contextos, esse discurso está presente, e para algumas famílias nas áreas rurais essa é também uma realidade. O que dificulta as mulheres, sobretudo, as solteiras e jovens buscarem os serviços de saúde, a exemplo da Unidade de Saúde da Família, para realizarem exames preventivos, se informarem e terem acessos aos métodos contraceptivos, no intuito de se protegerem de infecções sexualmente transmissíveis e de gravidezes não planejadas.
Esse é um assunto que precisa ser discutido com mais frequência nas comunidades rurais, pois o medo de ficarem mal faladas, da família ficar sabendo que elas já iniciaram a vida sexual, caso alguém as veja procurando uma consulta com o ginecologista, dificulta que as jovens se cuidem. Além de que algumas jovens também precisam das informações corretas sobre práticas de proteção que um ou uma profissional pode auxiliar. Nesse sentido queremos chamar atenção para as jovens buscarem os serviços de saúde mais próximos de seu local de moradia para se cuidarem, pois essa cultura inserida na sociedade que oprime as mulheres faz também com que elas adoeçam, não se cuidem, engravidem em momentos que as mesmas não estavam esperando. Ter as informações corretas e fazer exames preventivos é fundamental para a saúde da mulher, e para a vivência da sexualidade de forma saudável.
Violência Psicológica:
um dos tipos de violência contras as mulheres
A violência psicológica é um tipo de violência contra as mulheres que ocorre através da manipulação, do uso de palavras que fragilizam outra pessoa emocionalmente. Nas relações amorosas é comum acontecer. Muitas mulheres estão há anos sofrendo abusos psicológicos, algumas sem darem conta de que estão em uma situação de violência, outras sabendo, mas com dificuldades de procurar ajuda para sair dessa situação. Como exemplo deste tipo de violência, podemos citar o caso em que o homem não valoriza as conquistas da sua companheira, faz comentários humilhantes, usa palavras ofensivas para se referir a mulher, a culpabiliza por situações pelas quais ela não é responsável, não considera que suas emoções (tristeza, alegrias, dúvidas, medos) mereçam atenção.
O homem agressor pode usar dessa violência em qualquer ação da mulher, falar mal de suas roupas, do seu corte de cabelo, da comida que ela fez, dos sonhos que ela conta que tem, e projetos de vida. As consequências do abuso psicológico são tão graves quanto às de abusos físicos e pode causar problemas na saúde, como depressão, ansiedade, úlceras estomacais, palpitações cardíacas, distúrbios alimentares, insônia, entre ouras consequências para a vida das mulheres. As vítimas de violência psicológica podem se sentir inferiores aos homens e a outras mulheres, e isso dificultar as mesmas irem atrás de realizar seus objetivos, estudarem, terem uma profissão, sua própria renda. Pode fazer também com que a mulher comece a achar que não merece ser amada, que é culpada por não ser feliz, por seu casamento, namoro ou qualquer relação que seja não ir bem.
Nenhuma mulher está sozinha, existem profissionais especializadas/os para ajudar todas as mulheres. Uma dessas profissionais é a/o psicóloga/o. A mulher pode procurar o serviço de saúde do SUS mais próximo a sua residência e se informar sobre como ter o atendimento com uma psicóloga. O atendimento é sigiloso, é um espaço de acolhimento e a mulher irá relatar somente o que ela se sentir a vontade. Mas certamente terá uma ajuda para lidar com as situações vivenciadas.